A magia do NATAL está a chegar... Vamos todos participar na criação de momentos mágicos e natalícios, através da palavra? O tema é o Natal, as formas podem ser as mais variadas: memórias, contos, poemas... o que a inspiração vos ditar!
Comecemos por ler uma história de António Torrado, que talvez nem seja bem de Natal... o que é que vos parece?!
A CEREJEIRA DO NATAL
O senhor Tadeu tinha, lá na horta, uma cerejeira de que gostava muito. Quando chegava o tempo das cerejas, era uma fartura, uma doçura que não havia igual.
Pois é, mas os pardais também diziam o mesmo. Tinham uma predilecção por aquela cerejeira nem que as cerejas fossem de mel. Eram quase.
O senhor Tadeu enxotava-os, pendurava fitas nos ramos para assustá-los e chegou a armar um espantalho de vassoura na mão, que prendeu no alto da cerejeira. Fazia vista, mas não metia medo.
Mal chegava o tempo das cerejas amadurarem, a pardalada vinha em excursão festiva para o meio da cerejeira.
Há dias, encontrei-o, na loja de artigos de Natal, a carregar um enorme embrulho.
– Ena! – exclamei eu. – O seu pinheiro vai ficar bem enfeitado.
– Não é para o pinheiro – emendou o senhor Tadeu. – É
para a cerejeira.
Então, explicou-me o seu plano. Quando, da Primavera para o Verão, os frutos da cerejeira começassem a engordar, ele ia enfeitar a árvore com sininhos e bolas de Natal.
– Para os pardais julgarem que é um pinheiro – concluí eu, pouco convencido da eficácia do projecto. – Eles são mais espertos do que isso.
Seriam, de facto, reconheceu o senhor Tadeu, mas também são uns passarinhos alarmados. Detestam ruídos imprevistos. Ouvindo os sininhos, agitados pelo vento, fogem. E as bolas de Natal, brilhando ao sol, também lhes hão-de meter respeito.
O senhor Tadeu lá se foi, muito contente com o seu plano. Resulte ou não resulte, a cerejeira há-de gostar.
António Torrado
Se quiseres ouvir a história e descobrir outras do mesmo autor, acede ao site da História do Dia, aqui: http://www.historiadodia.pt/pt/index.aspx
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