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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O conto cuja leitura vos propomos foi trabalhado nas aulas de Língua Portuguesa pelos alunos do 7º ano que, entre outras actividades, elaboraram um resumo. Apresentamos, de seguida,  o resultado do trabalho colectivo do 7º2.

Retrato da Mulher

Era uma vez um homem chamado Gombei. Era pobre e um pouco fraco de cabeça. Vivia sozinho numa cabana. Ninguém queria casar com ele por causa da sua simplicidade de espírito.
Uma tarde apareceu-lhe à porta uma jovem, que lhe perguntou se podia passar a noite na sua cabana. Gombei nunca tinha visto uma mulher tão bonita, por isso ficou muito contente por albergá-la. Nessa noite, depois do jantar, a rapariga disse:
- Vejo que vives sozinho aqui. Eu também sou só. Queres casar comigo?
Gombei não podia acreditar na sua sorte! E assim se casaram.
O casamento de Gombei tornou-o muito feliz, mas também lhe tornou muito difícil a execução do seu trabalho. Estava tão apaixonado pela sua jovem esposa, que não podia apartar os olhos dela, nem por um momento. Quando estava a  fazer sandálias de palha, muitas vezes estas ficavam com cinco ou seis pés de comprido, sem ele se dar conta, porque estava com os olhos postos na mulher, e não no trabalho. Quando fazia capas de palha, estas às vezes ficavam com o comprimento de dez ou vinte pés, porque ele estava à espreita do que a mulher estava a fazer, em vez de dar atenção ao que ele próprio fazia. Ninguém podia usar as sandálias ou as suas capas.
Ia então para o campo trabalhar. Mas, poucos minutos passados, voltava a  correr para casa, gritando:
- Estás aí, minha mulher querida?
E por isso não fazia muito durante o dia.
- Isto não pode ser assim! – disse a mulher.
E, assim, ela foi à cidade e pediu a um artista que lhe pintasse o retrato. Levou o retrato para casa e disse a Gombei:
- Aqui está o meu retrato. Pendura-o na amoreira mais próxima. Se me puderes ver enquanto estás a trabalhar no campo, não sentirás tanto a minha falta.
Gombei fez como ela tinha dito. De minuto a minuto, parava o trabalho para olhar para o retrato da mulher, mas já não ia tantas vezes a correr para casa. Contudo, um dia, um súbito golpe de vento arrastou o retrato e soprou-o para o céu. Gombei  tentou apanhá-lo, mas não tardou que ele lhe fugisse do alcance da vista. Chorando, amargamente, Gombei correu para casa para contar à mulher.
- Não importa, meu querido marido – confortou-o ela. - Vou à cidade e mando fazer outro retrato pintado para ti.
Entretanto, o primeiro retrato tinha ido a voar pelo ar, até que acabou por cair num jardim de um palácio. Quando o senhor do palácio o viu, apaixonou-se imediatamente pela mulher do retrato.
-Se é um retrato, tem de haver uma pessoa – pensou ele.
E ordenou aos seus homens que encontrassem a mulher e a trouxessem à sua presença sem demora.
Os homens foram de aldeia em aldeia com o retrato, perguntando se alguém conhecia a mulher. Por fim, chegaram à aldeia onde vivia Gombei.
-Conhecem esta mulher? – perguntaram aos aldeãos, mostrando-lhes o retrato.
- Sim, é a mulher de Gombei.  – responderam os aldeãos logo que viram o retrato.
Já informados, quando os homens foram à cabana de Gombei encontraram uma linda mulher exactamente igual à do retrato.
- Vamos levá-la ao nosso senhor – disseram eles.
E tentaram levá-la consigo.
- Por favor, não a leveis – pediu Gombei.
Mas todas as súplicas foram vãs. Chorou tanto que as suas lágrimas formaram um charco com um pé de profundidade.
- Não chores assim, Gombei – disse a mulher. – Agora não podemos fazer nada, mas escuta bem. Tens de ir ao palácio na véspera do Ano Novo. Quando fores, leva pinheiros para as decorações do portal do Ano Novo. Então poderemos ver-nos outra vez e tudo correrá bem.
Antes de poder dizer mais nada, foi levada para o palácio.
Todos os dias Gombei perguntava a si mesmo se já era tempo de partir. Por fim, alguém lhe disse que era véspera do Ano Novo. Partiu para o palácio com um grande molho de pinheiros às costas. Não tardaria a tornar a ver a sua querida mulher!
Quando chegou diante dos portões do palácio, gritou:
- Pinheiros, pinheiros! Belos pinheiros para o Ano Novo!
Dentro do palácio, a mulher ouviu-o e sorriu. Era a primeira vez que sorria desde que a tinham trazido para o palácio. O senhor ficou tão satisfeito por vê-la alegre, que ordenou aos seus servidores que chamassem o vendedor de pinheiros.
Quando Gombei apareceu, a mulher ficou ainda mais contente. Inclinou-se para ele com tal encanto que o senhor pensou de si para si:
-Se um vendedor de pinheiros lhe agrada tanto, vou eu fazer-me vendedor de pinheiros.
Ordenou a Gombei que trocasse de roupa com ele. Vestido pobremente como um vendedor de pinheiros, pôs-se a andar de um lado para o outro no jardim, gritando:
- Pinheiros, pinheiros! Lindos pinheiros para o Ano Novo!
Isto fez com que a mulher de Gombei  ficasse ainda mais contente. Batia as palmas com as suas mãozinhas e ria-se com vontade. O senhor estava tão deliciado por vê-la rir, que dançou à volta do jardim com os pinheiros às costas.
- Pinheiros, lindos pinheiros! – gritava ele várias vezes. – E girava pelo jardim a dançar, até que saiu o portão do palácio sem dar por isso.
Logo que chegou lá fora, a mulher de Gombei deu ordem aos criados para que fechassem os portões do palácio. Passado um momento, o senhor deu-se conta de que já não estava dentro do jardim. Voltou aos portões do palácio e, com grande espanto seu, encontrou-os fechados.
- Deixem-me entrar! Deixem-me entrar! – gritava ele, sem resposta.
Dentro do palácio, Gombei e a sua inteligente mulher tinham agora tudo o que podiam desejar, e viveram felizes para sempre.
Conto popular do Japão traduzido por Pedro Tamen a partir da versão de Keigo Sekiin Contos Populares da Ásia, edição patrocinada pela UNESCO




RESUMO

Era uma vez um homem chamado Gombei que vivia sozinho. Certo dia, apareceu uma mulher que acabou por casar com ele.
 Gombei apaixonou-se de tal maneira pela sua mulher que não suportava afastar-se dela. Assim, esta ofereceu-lhe um retrato.
 Gombei costumava colocar o retrato numa amoreira e, num dia de vento, este voou, chegando às mãos de um senhor que, só de ver a retratada, ficou apaixonado por ela. Ordenou que a trouxessem à sua presença.
A mulher foi encontrada e levada à sua presença mas, antes de partir, fez uma combinação com o marido: no Ano Novo, Gombei deveria aparecer disfarçado no palácio.
Como a mulher ficou feliz ao vê-lo, o senhor trocou de identidade com o vendedor.
A mulher fechou-lhe o portão do Palácio e os dois viveram, finalmente, felizes para sempre.


Trabalho colectivo - 7º2

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei de ler o vosso resumo,achei a história muito bonita.

Bárbara,Clube de Escrita Criativa