Todos vocês já leram, estudaram e analisaram contos tradicionais. Experimentem agora escrever um conto "à maneira tradicional", aplicando o que aprenderam! Os alunos do 7º4 já começaram! Vamos ver como se saíram!
O micróbio
que queria ser sábio
Era uma vez um
micróbio…
Esbranquiçado,
relativamente pequeno, enfim, como todos os outros micróbios. Mas tinha uma
particularidade que nem todos os seus familiares tinham a sorte de ter. Este
micróbio possuía no seu interior um “minúsculo neurónio”. Por isso tinha o
privilégio de pensar noutras coisas, sem ser só em cumprir a sua missão contra
os glóbulos vermelhos, também conhecidos como hemácias, assim como contra os
glóbulos brancos, os leucócitos.
Pensava em tudo o que
aquele pequeno neurónio lhe permitia, pensava também que podia pensar muito
mais… E tanto pensou no que poderia vir a saber se tivesse mais um neurónio,
que lhe chamou SABEDORIA e decidiu partir em busca dela, para ser feliz.
Enquanto viajava por
vários organismos, ouvira falar de sonhos, a pessoas que, tal como ele, tinham
inteligência. Ora, porque não sonhava ele? Conseguia pensar no que via mas não
mais do que isso; não tinha, como lhe chamavam IMAGINAÇÃO.
Decidiu então partir e
deixar a sua casinha, junto à veia do pé da pessoa, na qual tinha entrado há
pouco tempo, em busca da sua tão desejada sabedoria. Vagueou durante uns dias,
mas não sabia ao certo que rumo seguir.
Uma manhã, andava ele
na derme, quando se ouviu ressoar por todo o organismo um estrondo: era o
SONHO! O sonho da sabedoria que se encontrava no cérebro, no cimo da cabeça.
Todo o organismo entrava em festa quando a pessoa sonhava. Era como uma
diversão! Mas para o micróbio foi mais do que isso; decidiu nesse momento
partir até ao cimo da cabeça para roubar um pequeno neurónio que contivesse
sabedoria e imaginação, mas, para um micróbio viajar pelo sangue é muito
complicado; por isso tomou precauções, tornando-se transparente, debaixo da sua
capa protetora, que muitas vezes servia para o proteger dos tão detestáveis
detergentes para a casa. Assim, nenhum glóbulo lhe poderia tocar.
Viajou, sempre a subir
por veias e artérias, até que chegou às portas do coração. Aí encontrou um
velho amigo, aventureiro, bem mais velho do que ele, que tinha muita experiência,
pois já tinha passado, como constava, “por todos os organismos”. Decidiu
pedir-lhe ajuda em relação ao caminho por onde devia seguir: era uma grande
confusão entre veias e artérias! Disse-lhe o sábio aventureiro que deveria
seguir pela veia cava, cortar à esquerda, seguir em frente, sair da autoestrada
e entrar nas nacionais, mais precisamente, nos capilares, até ao topo da
cabeça.
A segunda parte da
viagem foi mais aborrecida, pois a pessoa estava constipada e, pelo caminho,
cruzou-se com aquelas doenças aborrecidas que insistiam em guerras sem sentido
com a garganta e o nariz. Que bebés que eram!
Chegou finalmente ao
sítio onde o silêncio é dominante e onde se respira sabedoria (mesmo que ela
não seja muita): o cérebro! Nunca o tinha imaginado assim: era um autêntico
templo onde centenas de neurónios trabalhavam, liam livros grossos sobre as
mais diversas ciências, isto sob o domínio daquele que parecia ser o rei,
carrancudo e repleto de maldade.
Entrou devagarinho, à
procura de um neurónio que fosse pequenino, que não fizesse muita falta. Quando
finalmente encontrou um adequado ao seu tamanho, pegou nele muito devagarinho,
mas logo se ouviu uma voz potente e ameaçadora que dizia: “Como é possível que
algum micróbio se atreva a tocar num dos nossos neurónios? Serás imediatamente
transformado num dos componentes do sangue, mas como oportunidades destas não
se podem perder tens alguma serventia…” O pequeno micróbio ficou aterrorizado
quando, de repente, viu o seu amigo aventureiro exausto por causa da viagem.
Ainda assim, deu-lhe os seguintes conselhos: “O teu futuro será decidido nas
três provas que o rei dos reis te vai impor. Mas para saíres salvo não podes
passar em nenhuma. As
plaquetas têm um coração mole, são muito amigas e andam sempre juntas, por isso
zanga-te com todas e não serás escolhido. As hemácias são muito responsáveis,
cuidam do oxigénio e entregam-no às células. Tu, terás de ser distraído e ir
por caminhos errados, assim não serás escolhido. Os leucócitos são os
guerreiros do organismo e combatem os micróbios. Tu, terás de deixar passar
todos os nossos amigos, pois só assim não serás escolhido.”
E assim fez o pequeno
micróbio, que andou durante dois dias a viajar pelo sangue. E, tal como
pretendido, todos se queixaram: as plaquetas ficaram furiosas, as hemácias e os
leucócitos, desesperados com a invasão de micróbios resultante daquelas
malditas provas! O micróbio era mesmo um zero à esquerda para todas as funções!
De modo que, no último e terceiro dia, o rei dos reis tomou uma decisão e, para
felicidade de todos, o micróbio continuaria a ser micróbio e como prémio por
tamanha esperteza teria direito a levar o mais pequeno neurónio do cérebro.
Felicíssimo,
despediu-se e regressou à sua casinha junto à veia do pé. A partir desse dia,
todas as noites o micróbio sonhava e cada vez mais se sentia feliz com a
companhia daquele pequeno neurónio, que passou a ser o seu melhor amigo.
Bárbara Sexauer
Sem comentários:
Enviar um comentário