Segundo decisão tomada no passado fim de semana, durante o VI Comité Intergovernamental da Organização da ONU para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), o nosso fado é agora Património Imaterial da Humanidade. E como quem diz fado, diz poesia, deixamo-vos um poema de Alexandre O'Neill num fado de Amália, cantado por Amália Hoje.
Gaivota
Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.
Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.
Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.
Que perfeito coração
morreria no meu peito,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.
Alexandre O'Neill
2 comentários:
O original cantado pela Amália Rodrigues é superior à versão aqui apresentada.
Esta vale quanto muito pela divulgação junto de públicos que desconhecem aquela grande intérprete do fado.
Estamos de acordo, Jorge, Amália é Amália... mas alunos também são alunos e há que começar por algum lado!
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